• Quarta, 22 de Outubro de 2025

Justiça adia júri de homem acusado de atropelar e matar a esposa

Advogados alegam cerceamento de defesa após o juiz vetar depoimentos de testemunhas no plenário

GUSTAVO BONOTTO / CAMPO GRANDE NEWS


Algemado, Williames Monteiro dos Santos deixa a viatura para participar da reconstituição. (Foto: Arquivo/Juliano Almeida)

A Justiça de Mato Grosso do Sul suspendeu, nesta terça-feira (21), o julgamento de Willames Monteiro dos Santos, acusado de matar a esposa Andressa Fernandes Teixeira, de 29 anos, ao atropelá-la em abril de 2024, no Bairro Nova Campo Grande, em Campo Grande.

RESUMO

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A decisão foi tomada por liminar concedida pelo desembargador Fernando Paes de Campos, da 3ª Câmara Criminal do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), após a defesa alegar “cerceamento de defesa' pela recusa do juiz em permitir que as testemunhas do réu fossem ouvidas no plenário do júri.

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O julgamento seria o primeiro de Willames perante o Tribunal do Júri e estava previsto para acontecer nesta quarta-feira (22), mas foi adiado sem nova data definida. O processo aguarda a análise do pedido da defesa antes da remarcação da sessão.

Conforme os autos obtidos pela reportagem, o juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri havia negado o pedido sob o argumento de que “as testemunhas já haviam sido ouvidas durante a fase de instrução do processo' e que repetir os depoimentos “prolongaria a sessão e causaria cansaço aos participantes'. O advogado Mauro Sandres Melo, que representa o réu, afirmou no pedido que a decisão “impedia o exercício da plenitude de defesa garantido pela Constituição'.

Ao analisar o habeas corpus, o desembargador considerou que impedir o depoimento das testemunhas poderia prejudicar o julgamento. “Os jurados são os responsáveis por julgar os fatos e têm o direito de ouvir as testemunhas diretamente antes de formar sua convicção', escreveu. Ele destacou que o indeferimento “pode impedir os jurados de acessar elementos importantes para compreender o caso'.

Com a liminar, o TJMS determinou a suspensão do júri até o julgamento final do habeas corpus, que ainda será analisado pela 3ª Câmara Criminal. O juiz de primeira instância foi intimado a prestar informações sobre a decisão contestada e o processo segue para parecer do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Willames responde por feminicídio qualificado, acusado de atropelar a esposa duas vezes após uma discussão na frente da casa onde moravam. O MPMS sustenta que ele agiu de forma intencional e com violência, na presença dos filhos do casal. A defesa afirma que o atropelamento foi um acidente e que o réu tentou socorrer a mulher.

Durante a investigação, a Polícia Civil concluiu que Willames estava embriagado no momento do crime e chegou a acionar familiares para retirar o carro de cima do corpo da vítima. O perito criminal ouvido pelo Campo Grande News confirmou que o veículo tinha freios e câmera de ré funcionando e que o acusado passou duas vezes sobre a vítima. Em maio do ano passado, o réu participou de uma reconstituição do caso, quando reafirmou que não teve a intenção de matar.

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