• Terça, 18 de Março de 2025

Academia Sul-Mato-Grossense de Letras faz evento voltado para a arte poética

Rubenio Marcelo é o primeiro convidado a palestrar na temporada 2023 do Chá Acadêmico da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, amanhã, 19h30min, quando o escritor vai abordar 'A Poesia como Ofício'

CORREIO DO ESTADO / DA REDAÇÃO


O artista Ruberval Cunha volta à Academia, nos Altos do São Francisco, com a sua performance de improviso poético guaicuru, antes da palestra - DIVULGAÇÃO

Tendo a arte poética como destaque, a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL) dará início, nesta quinta-feira (30), às 19h30min, à sua série de Chás e Rodas Acadêmicas de 2023. Na abertura das atividades, o convidado será o poeta e acadêmico Rubenio Marcelo. A entrada é franca.

O escritor tecerá considerações sobre o tema “A Poesia como Ofício”, enfatizando relevantes aspectos desse gênero literário e expondo características da sua obra poética, bem como reflexos da poesia na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.

Realizados no auditório da ASL (Rua 14 de Julho, nº 4.653, Altos do São Francisco), os Chás Acadêmicos e as Rodas Acadêmicas deste ano terão apresentação sempre nas últimas quintas-feiras dos meses de março a novembro.

O palestrante do Chá de março, Rubenio Marcelo, é poeta, ensaísta e compositor, sendo imortal da Cadeira  nº 35 da ASL, que tem como patrono Múcio Teixeira. Antes da palestra, haverá performance de improviso poético guaicuru com o artista Ruberval Cunha.

O AUTOR 

Rubenio Marcelo é autor de vários livros de poesia, destacando-se, nas suas obras autorais mais recentes: “Graal das Metáforas”, “Horizontes D’Versos”, “Voo de Polens”, “Veleiros da Essência”, “Palavras em Plenitude” e “Vias do Infinito Ser”.

Já em segunda edição, “Vias do Infinito Ser” é um dos livros indicados pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) como leitura obrigatória para os Vestibulares 2020/2021/2022 e para o triênio do Passe.

Em 2018, Rubenio esteve em Portugal, onde, a convite, lançou suas obras no Departamento de Línguas e Cultura da Universidade de Aveiro, ocasião em que também ministrou pauta explorando o mesmo tema do Chá de amanhã – “A Poesia como Ofício” – para alunos e professores daquela universidade portuguesa.

Foi conselheiro estadual de cultura de Mato Grosso do Sul e é um dos vencedores, com poema autoral, do tradicional concurso literário Noite Nacional da Poesia. 

Recentemente, esteve na Argentina, onde, a convite, integrou o Festival Internacional de Poesia de Buenos Aires, juntamente com outros poetas de vários países também convidados.

A ASL

A Academia Sul-Mato-Grossense de Letras comemorará, no mês de outubro, 52 anos de fundação. O evento Chá Acadêmico Cultural da ASL é realizado sempre na última quinta-feira de cada mês e é aberto ao público.

Entre as atividades da ASL estão os concursos de Contos Ulysses Serra e de Poesias Oliva Enciso, além do Chá mensal, com palestras envolvendo a arte e a literatura por meio de expoentes personalidades, e da Roda Acadêmica, igualmente abordando os trabalhos culturais dos membros.

Em 10 de novembro de 2021, a ASL comemorou o seu cinquentenário de fundação e demarcou a data com o lançamento oficial do seu hino, canção “Luz das Letras”, obra de autoria dos escritores, compositores e acadêmicos Rubenio Marcelo e Henrique de Medeiros. 

Na parceria, os autores retrataram os aspectos culturais e históricos da instituição, celebrando desde nomes dos fundadores até a tradição e as metas.

Quatro poemas de Rubenio Marcelo

Na solitude daquelas falésias falei tantas vezes com minhas falanges em paz com meus dedos meus pés, minhas mãos falíveis...

Inda sangram naqueles rubros paredões – beijados de sal e sol – os talismãs do primeiro verso...

E certamente não descansa na praia aquela jangada branca que dava ritmo ao azul do silêncio do meu olhar menino [nas três pontas da sua vela  milhões de sonhos abolicionistas  apontam mares  e mitos ressurgentes]

Se o abstrato é indispensável para o contraponto da realidade, os sortilégios não podem prescindir do verde cio das manhãs nem das lágrimas do tempo faminto...

Grande parte da súmula dos meus ais não está gravada em litogravuras. – litorais…

no primeiro poema terei que partir...

mas não levo mala nem o velho relógio nem traje de gala

– a minha urgência já foi num trem-bala…

apenas uma maleta numa das mãos... o suficiente para levar a carteira de identidade e o cartão, a sandália antiga, meia dúzia de vestes simples e objetos pessoais, o copo com prendedor de canudo e algumas palavras cruzadas...

tudo... ou quase tudo material dispensável como a aspirina no bolso e o velho termômetro ainda colado (por esquecimento) na axila esquerda...

já no táxi dormiu... e quase chegando ao destino sonhou com um desbotado lençol, cheiro de éter e penumbra                           no quarto, um camisão esverdeado, uma bandeja metálica, colherzinha de plástico, copo descartável, e uma janela  | a b e r t a |  para sonhos azuis...

acordou e viu que somente a janela não existe.

pegou a carteira...            regou com lento pranto            a sua desbotada identidade...

e novamente descansou.

sem a ordem do dia do sobrenatural não haveria a natural ordem das coisas da noite...

da noite para o dia silentes instantes tornam-se eternos...

do dia para a noite palavras saltam muralhas                e viram estrelas...

instantes e estrelas conhecem os refúgios do tempo mas desentendem a quietude das pedras     e a saga dos pássaros                         translúcidos do sétimo céu...

por via das dúvidas há vias de certezas que nos desafiam a percorrer                in/conscientemente e em perfeita claridade a via láctea e o infinito                  do nosso ser…

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