Esportes
Piquerez divide tatuagens, desafios e sonho com o bi da Libertadores no Palmeiras: "É a glória eterna"
Novo líder do elenco, lateral-esquerdo de 27 anos compartilha dificuldades enfrentadas, mudança de postura e o que tem se passado para a nova geração
GLOBOESPORTE.COM / CAMILA ALVES
Piquerez estica o braço direito, ergue a manga da camisa e começa a mostrar, em seis desenhos, a própria história marcada na pele. Entre elas, o cachorro Tavo, com quem viveu a adolescência, o olho da mãe, a família protegida da chuva e o pai, segurando a mão de um Joaquín ainda bebê, ensinando-lhe a dar os primeiros passos. Tudo acima de uma frase.
– Posso te ensinar a voar, mas não seguir contigo o voo – traduz Piquerez, de uma frase em espanhol, erguendo os olhos outra vez.
Anos mais tarde, encontra longe de casa a conquista de seu próprio voo. Aos 27 anos, titular absoluto no Palmeiras, líder na nova era Abel Ferreira e sustentando nos pés a firmeza que agora ensina aos outros, sente-se pronto para brigar pelos dois grandes títulos em disputa na temporada: o Brasileiro e a Conmebol Libertadores de 2025.
As reflexões acompanham a rotina de Piquerez ao longo de uma temporada recheada de jogos e quase sem tempo para pausas.
É entre uma partida e outra, como após a derrota no fim de semana no confronto direto com o Flamengo, que ainda deixou o Palmeiras na liderança da Série A, que o jogador consegue fazer pequenas análises enquanto busca manter o desejo de novas conquistas pelo clube. "Sonhos continuam intactos", escreveu nas redes sociais.
E assim segue para a decisão seguinte, às 21h30 (de Brasília) desta quinta-feira, na ida da semifinal da Libertadores, contra a LDU, em Quito, no Equador.
– Para mim a frase que define ela é a glória eterna. Ficar eternizado nessa história – diz o lateral-esquerdo.
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É com essa mesma firmeza que atravessa a temporada seguro do trabalho do time, em um ano que considera ser equilibrado.
– Chegamos à final do Paulista, tivemos um alto e baixo na Copa do Brasil, e depois umas turbulências dentro do clube, mesmo com a torcida, todo mundo sabe. São coisas que acontecem em um time grande, e nós temos que aceitar – pondera.
– Conseguimos virar a chave rapidamente, retomar as vitórias no Brasileirão. E agora estamos na reta final. Esperemos continuar por esse caminho e conquistar os dois títulos.
O que mudou?
Em quase cinco anos de Palmeiras, tornou-se multicampeão, ostentando oito títulos, ganhou espaço na seleção uruguaia e ainda hoje enxerga o afastamento inicial das próprias raízes como o maior desafio vivido desde a chegada ao Brasil.
– Meu principal desafio foi sair do meu país. Tinha minha cultura, minha família, amigos, outra língua. Depois eu acho que o mais difícil é o clima, porque você pega, por exemplo, Fortaleza, que é muito quente, depois vai para o Sul e está muito frio, isso talvez em uma diferença de sete, seis dias. Mas agora estou acostumado – completa, com um riso.
Antes disso havia defendido apenas três clubes, todos no Uruguai: Defensor Sporting, River Plate e Peñarol, onde estava quando contratado pelo Palmeiras já sob o comando de Abel Ferreira. Tem toda sua passagem no Brasil, portanto, trabalhando com um único técnico.
E quando olha para trás, para aquele Piquerez de 22 anos na chegada ao país que transformaria sua vida, mal precisa pensar para responder sua principal mudança.
– Foi aumentar o meu profissionalismo ainda mais, porque até o momento eu nunca tinha sofrido lesões, mas também jogava no Uruguai, que tinha jogos a cada sete dias – explica.
– Aqui você tem que ser profissional 24h por dia para render em todos os jogos, são caminhos que escolhemos seguir, às vezes corretos, errados, mas você aprende com o tempo.
Como virou líder?
Sem pensar duas vezes, passou a espelhar a rotina naquele que tinha como referência, dividindo o mesmo idioma e condição de estrangeiro no Brasil, o desde então capitão Gustavo Gómez. É nesta atitude, aliás, que Piquerez acredita ter começado a desenvolver sua postura de líder no elenco. Agora, colhe os próprios frutos.
Enquanto vê o Palmeiras se renovar, com saídas de nomes como Rony, Dudu, Mayke e Marcos Rocha desde o ano passado, Piquerez assinou uma renovação de contrato até 2030, aceitando a proposta do diretor de futebol Anderson Barros de assumir o posto de líder na nova geração de referências do clube.
– Acho que tudo começa do momento que você chega, as referências que você tem. Sempre fiquei muito perto do Gustavo, tentando seguir o caminho dele. É algo que a gente vai construindo. Eu nem sabia, por exemplo, que sou o quarto jogador com mais jogos de Libertadores aqui – comenta.
– Mas tive uma conversa com Anderson. Ele me falou na minha renovação também, que era uma nova etapa na minha carreira aqui no clube e eu aceitei – explica.
Agora, começa a passar para os mais jovens o que ele mesmo precisou aprender nos primeiros anos de Brasil e de clube.
– Tivemos muitas mudanças, jogadores experientes saíram, então é bom, sobretudo para os mais jovens, ter os pés no chão. Porque o futebol brasileiro não para, então não dá para você ser um craque em um jogo e o pior de todos em outro. A galera que vem mais nova, são os que mais têm que se acostumar a isso. As críticas e os elogios.
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